Moda consciente ou slow fashion, a roupa que você usa pode ajudar a mudar o mundo

Não é uma tendência, ela jura que chegou para ficar. A moda consciente ou moda ética ou mesmo do inglês slow fashion se apresenta como uma mudança de paradigma e vem sacudindo a cabeça e o bolso de muita gente e de grandes marcas em todo o mundo. Estamos falando de algo que vai além da moda sustentável e incorpora princípios que são também defendidos pelo movimento Fashion Revolution.

O consumo consciente de uma peça de roupa tem a ver com cultivo, produção, distribuição, mão de obra e consumo. Desde a produção da matéria-prima até o seu corpo é uma longa trajetória que deixa rastros no meio ambiente e na vida de pessoas, principalmente mulheres e crianças. Muita vezes nem pensamos, mas não é somente uma blusa ou uma calça que estamos comprando quando decidimos dar uma renovada no guarda-roupa. Podemos estar ajudando a mudar o mundo. E o seu poder de escolha é o princípio dessa mudança.

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O que é e de onde vem o conceito de moda consciente

O que é a slow fashion

O termo slow fashion foi usado pela primeira vez por volta dos anos 2000, por Angela Murrills, uma jornalista britânica especializada em moda. É possível que tenha sido inspirado no conceito de slow food. A verdade é que desde então, o termo passou ao movimento, que vem ganhando adeptos mundo afora. A moda consciente nasce dentro de um contexto mundial de contestação dos custos da indústria da moda para o meio ambiente e para os direitos humanos. Isso é, o consumo consciente exige que a roupa seja fabricada sem gerar um impacto ambiental negativo e respeitando o trabalho de toda a cadeia produtiva, desde o cultivo até chegar ao seu guarda roupa .

O movimento slow fashion ganhou ainda maior força a partir de 2013, quando o edifício Rana Plaza desabou em Blangadesh, mantando mais de 1100 pessoas que trabalhavam na fabricação de roupas para grandes e renomadas marcas ocidentais, em condições de escravidão moderna. Desse terrível acontecimento nasceu o movimento Fashion Revolution, que defende uma moda sem exploração.

Características do slow fashion

Consumo consciente, moda sustentável e trabalho justo. Esses podem ser considerados os três pilares da moda slow fashion. O consumidor, a indústria da moda e a mão de obra da moda alinhados em torno do respeito ao meio ambiente e ao ser humano. Mas vamos traduzir o conceito de moda consciente em características que te ajudarão a entender ainda mais este movimento:

  • Valorização do local – do cultivo, da produção das matérias-primas e da fabricação ou confeccção local.
  • Transparência da produção – os consumidore têm o direito de saber como foi produzida sua roupa, muitas vezes um marca esconde todo o processo de exploração na sua fabricação.
  • Roupas funcionais e duradouras – valorização da relação de cada pessoa com a roupa, estimular um consumo menos descartável, mais reciclável, individualizado e personalizado.
  • Atuação colaborativa – estímulo à formação de cooperativas, capazes de valorizar e ampliar os ganhos dos trabalhadores, em sua maioria mulheres.
  • Controle dos danos ao meio ambiente – incentivar uma indústria responsável com o meio ambiente.

Porque adotar a moda consciente pode ajudar o planeta

Consumo consciente da moda

É uma questão clara e objetiva, você pode contribuir para a melhoria das condições do nosso planeta e da vida de muita gente se você conseguir fazer apenas uma mudança simples na sua vida. E vamos te apresentar agora alguns argumentos que talvez te ajudem a pensar bem antes de comprar uma nova peça para o seu guarda roupa.

1. O setor têxtil é o segundo maior contaminante das águas doces do mundo
2. A cada ano meio milhão de toneladas de microfibras são lançadas no oceano, o que corresponde a 50 bilhões de garrafas pet.
3. O setor têxtil é responsável por 10% da emissão de gás carbono no meio ambiente, em 2050 será responsável por 25%, se nada muda
4. O transporte da indústria da moda representa 22% do seu impacto ambiental
5. Uma única peça de poliester libera um milhão de microfibras de plástico em uma única lavagem
6. São necessárias, pelo menos 8.000 substâncias químicas na produção de tecidos
7. Uma de cada dez camisetas que se fabricam no mundo é feita no Camboja, um dos países mais pobres do mundo, onde 75% de suas exportações são da indústria têxtil. Muitos dos trabalhadores dessa indústria trabalham até 80 horas semanais e ganham menos de 400 reais por mês.
8. Boa parte dos trabalhadores da produção de roupas é de mão de obra infantil.

Dicas para começar a praticar o slow fashion

Menos é mais. Essa é a chave para se incorporar ao movimento slow fashion e adotar um consumo consciente no seu dia a dia. Essa é uma decisão que mexe com a sua ética. Até onde seus atos contribuem para condenar o meio ambiente ou explorar uma mulher ou uma criança? Qual é o custo real daquela blusinha baratinha que você compra nas grandes lojas de departamento ou mesmo daquele vestido deslumbrante de uma marca renomada? O que está detrás da roupa que você e sua família vestem? Você carrega a escravidão de alguém no corpo? Ou a contaminação de um rio?

Parece pouco, mas é em pequenos passos que a gente começa a mudar o mundo. Não precisa jogar fora toda a roupa que você tem no guarda roupa. Se você entendeu o que falamos até agora, a moda consciente exige que você use uma peça de roupa mais vezes do que de costume, não jogue fora, recicle, dê uma repaginada, seja criativa, aumente sua vida útil. Na hora de comprar algo novo, pense: realmente tenho necessidade disso? Se de todos os modos é preciso, procure saber #quemfezminharoupa e com quais materias-primas, e compre consciente, não por impulso, se responsabilize por aquilo que é seu e que você leva no corpo.